As doenças físicas e psicológicas são as principais associações feitas pela maioria das pessoas quando o tema de saúde pública é abordado. No entanto, desde o início dos anos 2000, as lesões e mortes no trânsito também passaram a integrar esta categoria devido ao número crescente de acidentes graves e fatais. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostram que, no ano passado, acidentes graves nas rodovias federais registraram aumento de 3,3% na comparação com 2020, passando de 17.443 para 18.025. Já o número de mortos elevou de 5.292 para 5.381, um aumento de 1,6% em comparação ao ano anterior.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 3,5 mil pessoas morrem todos os dias nas vias públicas, o que equivale a quase 1,3 milhão de mortes evitáveis e cerca de 50 milhões de pessoas lesionadas. Ainda segundo estimativa da OMS, durante a próxima década os acidentes de trânsito devem causar 500 milhões de pessoas lesionadas, as quais devem sobreviver com ferimentos e sequelas.

No trânsito, há significativa prevalência de acidentes entre certos grupos vulneráveis, como os motociclistas, ciclistas e pedestres, os quais estão mais suscetíveis ao politraumatismo, situação com grandes chances de óbitos e elevada taxa de lesões irreversíveis quando a vítima sobrevive, ressalta a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (TRAUMA). “O politraumatismo é qualquer tipo de situação em que exista lesão grave de, ao menos, dois órgãos ou duas partes distintas do corpo, levando muitas vezes a uma condição de esgotamento da capacidade fisiológica de equilíbrio orgânico, o que eleva a taxa de mortalidade nesta população. Além disso, sobreviventes de politraumatismos poucas vezes retornam à vida comum. Na maior parte dos casos, a vítima precisa conviver com uma série de sequelas deixadas pelo acidente”, explica o diretor do TRAUMA, o traumatologista Gustavo Tadeu Sanchez.

O especialista destaca ainda que as fraturas e as luxações estão entre as lesões mais comumente observadas nesta população, além de outros traumas não esqueléticos e com desfechos muito desfavoráveis, tais como lesões cerebrais, do tórax e do abdome. Nestes pacientes, a ocorrência de lesões ósseas e articulares graves e eventualmente expostas incorre em maior grau de dificuldade no tratamento.

A Diretoria do TRAUMA ressalta a importância da conscientização e da responsabilidade no trânsito. “Os agravos que envolvem as vítimas de acidentes de trânsito podem ser evitados, com atenção e prudência. Se beber, não dirija, trafegue com calma, não use o celular enquanto dirige, respeitando os limites de velocidade e as leis de trânsito, enfim, preserve sua vida e a de seus entes queridos, que é o que de mais valioso temos”, conclui Dr. Sanchez.