O mundo está, finalmente, olhando com a seriedade necessária para uma das maiores ameaças à saúde pública global: o AVC. Pela primeira vez, líderes internacionais, governos e organizações de saúde se unem para construir uma agenda global de combate ao Acidente Vascular Cerebral — que mata 7 milhões de pessoas por ano e deixa 94 milhões vivendo com sequelas.
A presidente da Rede Brasil AVC, Sheila Martins, explica em artigo publicado na VEJA SAÚDE como esse movimento global busca frear o avanço do AVC, fortalecer a prevenção, ampliar o acesso ao tratamento e à reabilitação, além de reduzir as desigualdades.
O Brasil já avançou muito, com a criação de centros especializados no SUS e a incorporação de tratamentos como trombólise e trombectomia. Mas ainda há desafios, especialmente nas regiões com menos acesso a esses serviços.
Confira o artigo completo na VEJA SAÚDE e entenda por que o enfrentamento do AVC é uma urgência global.
Acesse em https://saude.abril.com.br/coluna/com-a-palavra/unidos-contra-o-avc-o-papel-de-destaque-do-brasil-no-cenario-global/ (exclusivo para assinantes ou) ou leia no site da Rede Brasil AVC.
Por Robinson Esteves Pires, presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico
Com o encerramento do Maio Amarelo, ação que foca na conscientização por um trânsito mais seguro, é hora de lembrar que o alerta não pode terminar junto com a campanha. Pelo contrário, precisa ser reforçado todos os meses, todos os dias. A cada nova vítima, a cada nova família dilacerada por um acidente evitável, fica mais evidente a urgência de ações concretas e duradouras para transformar essa realidade.
Números que não param de crescer
Dados inéditos divulgados pelo Atlas da Violência 2025, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), envolvendo o ano de 2023, mostram que o Brasil registrou 34,8 mil mortes no trânsito. É um número que evidencia uma tendência de alta desde 2019, e que revela uma face pouco discutida da violência no país: a das ruas e estradas.
Estados como Tocantins, Mato Grosso e Piauí apresentaram os piores resultados proporcionais. E um ponto chama a atenção: os acidentes envolvendo motocicletas têm crescido exponencialmente, mais de dez vezes nas últimas três décadas. Esse aumento revela um cenário complexo, que envolve desde a fragilidade da infraestrutura viária até comportamentos de risco, como a imprudência e a desatenção, não apenas dos motociclistas, mas de todos os que dividem o espaço urbano.
A conta chega para todos
Quando o acidente de trânsito não é fatal, os sobreviventes, muitas vezes, não retornam à vida que tinham antes. Ficam com sequelas físicas, neurológicas e psicológicas, perdem sua autonomia e, frequentemente, a capacidade de trabalhar. Isso significa menos renda para suas famílias, mais dependência de benefícios previdenciários e maior pressão sobre a rede de apoio social.
Os acidentes de trânsito desencadeiam impactos físicos, sociais e econômicos, que afetam não apenas os envolvidos, mas toda a sociedade. Diariamente, hospitais públicos e serviços de emergência lidam com casos graves, muitos deles envolvendo politraumatismos, em que múltiplos órgãos ou partes do corpo são afetados. Essas situações exigem cuidados intensivos, cirurgias complexas e longos períodos de internação e reabilitação.
Nos últimos dez anos, o SUS contabilizou 1,8 milhão de internações por acidentes de trânsito, segundo as bases oficiais do Ministério da Saúde, totalizando R$ 3,8 bilhões em despesas hospitalares diretas. Com esse montante, seria possível, por exemplo, construir de 32 a 64 hospitais de médio porte, adquirir mais de 15 mil ambulâncias básicas ou, ainda, habilitar quase 13 mil novos leitos de UTI.
Prevenção e responsabilidade
Valorizar a vida no trânsito exige mais do que ações isoladas. É preciso integrar políticas públicas que articulem saúde, segurança, urbanismo e mobilidade. Isso passa por fiscalização efetiva, educação contínua para o trânsito, melhoria da sinalização e ampliação de ciclovias e faixas exclusivas.
No entanto, a responsabilidade não está apenas nas mãos do poder público. Motociclistas, ciclistas, pedestres e condutores precisam ser conscientes de que suas atitudes no trânsito impactam a todos. Dirigir com atenção, sem distrações como o uso do celular, respeitar os limites de velocidade, não beber antes de dirigir e evitar ultrapassagens arriscadas são escolhas decisivas que podem determinar a diferença entre a vida e a morte.
Cada um de nós deve contribuir para a segurança das ruas, tanto pela nossa conduta individual quanto pelo cuidado com a segurança do outro, a mudança depende de todos. O trânsito brasileiro não pode continuar sendo um campo de guerra.
Robinson Esteves é médico ortopedista e traumatologista especialista em Trauma Ortopédico
Presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico 2025
Professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais)
Mestre pela UNIFESP, Doutor e Pós-Doutor pela UFMG